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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Fast-food do bem?

 Esta é para deixar pais e especialistas de cabelo em pé: a obesidade infantil aumentou cinco vezes nos últimos 20 anos e hoje atinge cerca de 15% dos baixinhos brasileiros, ou cerca de 5 milhões de crianças (veja a reportagem da página 10). Quem garante é a Sociedade de Pediatria de São Paulo. Dados do gênero explicam por que todos apontam o dedo em riste para a dobradinha hambúrguer e batata frita, ícones da chamada comida trash, que a garotada devora num piscar de olhos. A boa notícia é que uma luz de esperança começa a brilhar nesse cenário tão sombrio.

Em resposta à acusação, o cardápio dessas fábricas de delícias gordurosas está abrindo espaço para itens praticamente impensáveis há alguns anos, como saladas, sucos, grelhados, queijinhos e até frutas. O movimento é mais forte nos Estados Unidos, mas felizmente a tendência já está desembarcando por aqui, mesmo que timidamente. “Devido aos altos índices de obesidade e de doenças crônicas, essa providência, mais do que desejável, é necessária”, opina a nutricionista Bianca Chimenti, da Nutrociência, em São Paulo. É um começo, mas, segundo a especialista, ainda não é o suficiente. “Precisamos de campanhas de educação alimentar para pais e filhos”, diz Bianca.

Tem novidade no cardápio
As combinações, que antes não fugiam muito do monótono trio sanduíche, batata frita e refrigerante, ganharam alternativas. As mudanças mais significativas foram, sem dúvida nenhuma, as do McDonald’s. Depois de oferecer sucos nos sabores laranja e maracujá para substituir os refrigerantes, a rede abriu o leque de opções. Os mais recentes itens são o queijinho do tipo petit suisse, a maçã, o achocolatado, o queijo com goiabada, o cereal de milho com açúcar e a água-de-coco. Aliás, este último, segundo Daniel Arantes, executivo de marketing da empresa no Brasil, tem sido um dos mais solicitados pelos pais. Sinal de que a marca está no caminho certo e de que os consumidores aprovam as novidades.

Na lanterninha, as concorrentes ainda têm muito o que mudar para se aproximar da líder do mercado. No Burger King, que chegou há pouco tempo ao país, o Bkids, uma das opções do cardápio infantil, oferece chá gelado como alternativa para o refrigerante. E só. O Habib’s, especializado em comida árabe, tem sucos como companheiros das indefectíveis esfihas — e olhe lá.

Já as redes Bob’s e Giraffas não se mexeram. As crianças não têm outra saída a não ser se refestelar com sanduíches, frango empanado e batata frita regados a litros de refrigerantes. E cá pra nós, é disso mesmo que elas gostam. Em outras palavras, as novidades saudáveis agradam mais aos pais.

É proibido proibir

Vamos ser francos. Não dá para riscar da vida dos filhos os sanduíches e os milk shakes. Fazer isso seria também priválos do convívio social, porque se tem um programa que a garotada adora é ir com a turma à lanchonete. “Em vez de proibir, o melhor é controlar esse tipo de alimento”, argumenta Fábio Ancona Lopez, professor titular do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Por serem muito gordurosas e pobres em fibras, vitaminas e minerais, o ideal é que essas comidas sejam consumidas uma ou duas vezes por mês”, sugere.

Considere ainda que os lanches engordativos às vezes equivalem a mais de um quarto da necessidade calórica de uma criança de 10 anos. Então, não deixe por menos: McDonald’s e congêneres têm que substituir uma refeição — e não serem encaradas como o “lanchinho” da tarde. E, se o almoço foi em fast-food, o jantar, seja onde for, tem que ter algo bem mais leve — peixe ou frango, saladas e frutas.

Poder pode, mas...
Tem razão, as crianças às vezes vencem pelo cansaço. Para o bem delas, resista, explique, eduque. A nutricionista Tânia Rodrigues, da RG Nutri Consultoria Nutricional, em São Paulo, ensina o caminho das pedras

1. Lanchonete todos os dias, só em sonhos. Deixe isso muito claro.

2. Sugira lanches sem muito recheio, como o cheeseburguer ou o cheese-salada. Se puder, suma com a maionese, muito rica em gordura. O cachorro-quente é uma boa pedida, desde que venha com pouco acompanhamento.

3. Uma generosa porção de fritas pode perfeitamente ser compartilhada por duas ou três pessoas. Não precisa mais do que isso para matar a vontade.

4. Se o pequeno insistir no refrigerante, tudo bem. Mas proponha substituí-lo por suco de frutas ou água.

5. Outra troca justa: a maionese pelo trio ketchup, mostarda e picles para incrementar o sanduíche.

6. É milk-shake ou batata frita. Ambos é overdose de calorias.
Fonte: Saúde é Vital

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