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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Livre-se do vício de comer

Transtorno da Compulsão Alimentar atinge, sobretudo, as fãs de dietas. Identificou-se? Descubra como tornar sua relação com a comida uma união estável — e saudável

Nunca tivemos um acesso tão grande à comida (pouco saudável, diga-se de passagem) e gastamos tão poucas calorias quanto agora. Resultado: estamos engordando (sim, todas nós). “Mesmo sem nenhuma grande variação em nossa carga genética nas últimas décadas, a obesidade teve um crescimento avassalador em todo o planeta”, alerta Adriano Segal, diretor de psiquiatria e transtornos alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

De acordo com uma pesquisa realizada pela The Nielsen Company em 56 países, incluindo o Brasil, estamos conscientes desse aumento nas medidas: 53% das pessoas se consideram acima do peso. Na América Latina, 58% dos entrevistados afirmam estar longe da forma ideal.

Para um grupo de pessoas em especial, subir o ponteiro da balança não está ligado apenas ao sedentarismo e à má alimentação: uma interação complexa entre fatores psicológicos, neurológicos, químicos e hormonais está envolvida no ganho de peso dos obesos. A revista científica The Lancet apontou que o número de adultos que fazem parte do grupo com IMC maior do que 30 dobrou desde 1980. São mais de meio bilhão de adultos muito acima do peso no mundo. Ainda que você não faça parte dessa turma, sem dúvida conhece alguém que engorde a estatística.

Por que é tão difícil emagrecer?

O controle remoto da televisão foi um dos primeiros bodes expiatórios do nosso aumento de peso, mas sabemos que a modernidade não é a verdadeira responsável pelo desastre na balança.

O ritmo de vida que temos reduziu o tempo disponível para praticar esportes, caminhar diariamente e queimar calorias. Cheinhas, buscamos mais dietas para ficarmos magras. Na pesquisa feita pela The Nielsen Company, descobriu-se que 74% das pessoas se submetem a algum tipo de regime restritivo.

Só que o esforço em busca da boa forma pode ser um tiro no pé para quem quer emagrecer. É plausível a ideia de que dietas recorrentes, principalmente as que prometem resultados mágicos, desregulariam mecanismos finos e delicados de controle de fome e de saciedade. Por isso é tão comum o círculo vicioso de ganho-perda-ganho de peso. Nosso cérebro (e nosso organismo) já não sabe como se portar diante da alternância de privação e oferta de alimento.

Além de levá-la ao efeito sanfona, os regimes malucos colocam você na mira dos transtornos alimentares. A grande parte dos que sofrem de anorexia e bulimia teve o quadro iniciado por dietas.
“Por isso afirmamos que quem deseja perder peso deve ficar longe dos malabarismos alimentares. O ideal é fazer um acompanhamento com, no mínimo, três profissionais — médico, nutricionista e educador físico — a fim de evitar complicações psiquiátricas”, diz Segal.

Então quer dizer que todas nós conseguiríamos manter o peso normal com a fórmula acima? Não é bem assim. “Algumas pessoas — muitas vezes levadas por sentimentos como stress, melancolia e ansiedade —perdem o controle da quantidade de comida que levam à boca”, afirma o endocrinologista Alfredo Halpern, fundador da Abeso e coautor do livro O Estômago Possuído (Ed. BestSeller, 144 págs., R$ 19,90), juntamente com Adriano Segal.

Comer muito, de forma rápida e sem controle, faz parte da rotina de quem sofre de transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), doença prevalente entre as mulheres. Quem tem TCAP chega a ingerir até 12 mil calorias por dia e alimentos de que nem gosta. A conduta compulsiva não tem uma causa única para todos os portadores, mas geralmente acomete indivíduos que encontram nos alimentos uma forma de descarregar sentimentos negativos. Fazer da comida uma muleta traz como consequência o aumento de peso (muitos portadores de TCAP são obesos) e, de quebra, problemas como colesterol alto e diabetes.

Fonte: Women's Health

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